Há sítios que sempre gostamos e vamos gostar. Depois há aqueles que já sabíamos que à partida iriamos adorar. Por fim, há os que nada esperamos e que se
torna uma boa surpresa.
Monsaraz foi assim. Uma bela surpresa, amor á primeira
vista. O destino das últimas férias foi escolhido um pouco ao acaso. Numa
tentativa de optar por um lugar sossegado e calmo surge Monsaraz no mapa.
Destino escolhido, faço-me ao caminho até ao nosso doce
Alentejo. Entre campos de perder de vista em tons de verde e amarelo, alternando
com campos de cultivo de oliveiras e vinhas, chego ao meu destino.
Lugar pacato e simples, onde reina a simpatia e o bem
receber das pessoas. Gentes humildes, gentes de trabalho. Ruas e ruelas
estreitas, acompanhadas por pequenas casas vestidas de branco e ornamentadas com
faixas na sua grande maioria amarelas ou azuis em redor das portas e janelas.
Rodeada de planícies de perder de vista, com as mais
variadas tonalidades, com vista para o infinito e com ramificações do Alqueva
aos seus pés, Monsaraz faz-se e vive-se entre muralhas. Lá do cimo pode-se
avistar outras localidades, como São Pedro do Corval e Reguengos de Monsaraz.
O silêncio e a paz são palavras de ordem e o mote para uns
dias bem passados. Conjugam-se os verbos descansar e aproveitar de várias
formas. Mas é o verbo AMAR que impera nessa conjugação. Eu amei, eu amo, eu
amarei esta terra tão única.
Num banco de pedra com o olhar debruçado sobre o castelo,
são os pensamentos que me levam até longe numa roda-viva de emoções. Inspiro
fundo como que a reter o ar puro que ali se faz sentir. Sou acordada pelo
cantarolar dos pássaros que rodopiam com toda a garra sobre mim como que numa
tentativa de me puxarem para a sua dança. Mas é o sino da igreja que me
desperta e me rouba a atenção.
As horas ditam o momento do jantar, e se as paisagens já nos
cativam é na sua gastronomia, repleta de personalidade que as expectativas se
elevam. Um espectáculo de sabores e aromas que é aplaudido de pé pelo
apreciador. Um desfile do que mais de genuíno se prepara no Alentejo.
Com uso abusivo do pão alentejano, dos produtos da terra, do
que lá se cultiva e produz, das suas criações caseiras, chega à mesa uns
quantos pedaços de pão e um caldo bastante aromatizado com coentros e poejo
picados. Chega à mesa todos os elementos como de um puzzle se trata-se. Num
prato coloca-se algum pão, o bacalhau e o ovo. O caldo é delicadamente colocado
sobre todo o resto.
Ainda não tinha apreciado devidamente a açorda e já o cação
se fazia chegar, acompanhado do pão para dar vida a uma sopa de cação. Mas a
cozinha alentejana não se esgota nestes pratos. Pode-se sempre apreciar um
aconchegante ensopado de borrego, umas migas alentejanas com carne de porco
preto ou até uns ovos com espargos selvagens. Qualquer prato acompanhado do melhor
vinho tinto ou branco que se faz nas adegas ali mesmo ao lado.
Mas uma refeição não se completa sem a sobremesa. Nesse
campo é a doçaria conventual que ganha a passos largos. Um Rançoso onde a gila,
a amêndoa e as gemas se juntam num só bolo, a sericaia repleta de canela e
acompanhada devidamente com as ameixas de Elvas, uma encharcada divinal e um
pão de rala tão típico. Fico-me por uma sopa dourada, que ganha personalidade
através da junção do pão com as gemas e a amêndoa.
Alentejo, terra do bom vinho, da boa comida, de planícies e
campos a perder de vista e do artesanato em barro, como é o caso de S. Pedro do
Corval.
Terra genuína, terra de encantos, terra que deixa saudades e
à qual prometemos regressar!
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