Gosto de dias que crescem, que nos levam a pensar que são mais que 24h. Então se forem dias acompanhados de sol e temperaturas amenas ainda melhor. Fico radiante quando olho o céu azul de qualquer janela lá de casa, quando entre as persianas os raios de sol invadem a sala, quando sou acordada pelo som dos pássaros que cantam no parapeito da janela do quarto, quando o pequeno almoço é tomado na varanda.
São dias assim, que por vezes me tiram da cama bem cedinho e
me levam em direção a Lisboa. Muitos são os que me questionam o que por lá vou
fazer, e eu em modo de conversa cruzada respondo simplesmente sentir me turista
no meu próprio pais.
Gosto de sentir Lisboa ainda sem aquele trânsito mais
congestionado, de viver Lisboa ainda sem a multidão de pessoas, sobretudo
turistas. Gosto ainda de passear e desfrutar das ruas desertas, sentindo as
lojas a abrirem as suas portas. De contemplar o Tejo, a Praça do Comércio ou
até mesmo a Rua Augusta sem multidões.
São cerca das 9h da manhã e já respiro o ar da Capital. O
trajeto de hoje já foi feito algumas vezes. Mas gosto sempre de voltar.
Atravesso a Rua Augusta em direcção ao Terreiro do Paço, sou
observada por quem vai arrumando as esplanadas no centro da rua para os
turistas receber. Chego finalmente à praça, em pleno Cais das Naus deslumbro o
Tejo. Lá ao fundo a Ponte 25 de Abril, e a olhar para ela o Cristo Rei. Penso
para comigo que ainda não lhe fiz uma visita, desde o passeio de escola quando
era uma menina de primária.
O sol faz se refletir sobre a água azul do rio. É hora de me
fazer ao passeio, é tempo de começar o percurso e visitar os miradouros de
Lisboa (pelo menos uma grande parte).
Subo até à Sé, pisco o olho à Capelo de Santo António, e
aproveita a ausência de tuk tuks, turistas e elétricos, tiro as primeiras fotos.
Sigo caminho, por ruas vestidas de calçada portuguesa e
prédios de janelas com vista para o Tejo. Os comerciantes vão abrindo as
portas, dizendo ”bom dia” como forma de boas vindas.
Vejo a indicação Castelo de S. Jorge, mas sigo em frente em
direção ao Miradouro das Portas do Sol. A ida ao Castelo será para outros
passeios…
Do miradouro, a vista não é mais que um postal ilustrado.
Pode-se avistar o Panteão Nacional e o Mosteiro de São Vicente de Fora. Numa varanda
com vista privilegiada para Alfama, é ao lado da estátua de São Vicente que me
refresco com uma água na esplanada ali mesmo..
Sigo caminho, agora subindo as ruas do Bairro da Graça,
chegando ao Miradouro da Graça. Naquele
espaço visita-se também a Igreja da Graça, mas é à sombra dos pinheiros que se
admira mais uma deslumbrante paisagem. O rio ao fundo e ao seu lado o Castelo
de São Jorge e toda a colina.
Resta-me o último miradouro do lado de cá, melhor dizendo,
das colina do lado direito do Tejo. Com uma vista soberba e privilegiada sobre
toda a cidade, para mim é um dos mais românticos miradouros, ainda mais se for
visitado aquando o pôr-do-sol. No topo da Rua da Senhora do Monte fica este
espaço com o mesmo nome.
Com o Tejo ao fundo, a Mouraria a meus pés, avisto do lado
oposto o último miradouro do roteiro que faria naquele dia. São Pedro de Alcântara,
situado entre o Chiado e o Príncipe Real, mesmo ao lado da Calçada daa Glória
que liga os Restauradores ao Bairro Alto. Sobre ela se move o elevador, de seu
nome Elevador da Glória. Vestido de bancos de jardim e de algumas árvores, o
miradouro é um espaço bastante agradável onde se passa algum tempo apreciando o
sossego, e os artistas e pintores de rua.
E é num desses bancos de jardim que me perco no tempo, me
deixo cair na preguiça e fico mais tempo do que deveria. O relógio rapidamente marca
a hora de regressar a casa. Cansada mas de coração cheio, de mais um dia bem
passado numa cidade que gosto pontualmente de visitar e revisitar.
Fica aqui o convite, para quem mora ou não em Lisboa,
sozinhos ou em família, visitem estes recantos.
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